✦ 𑊒 𝗖𝗛𝗔𝗣𝗧𝗘𝗥 𝗧𝗛𝗥𝗘𝗘, 𝟬𝟯

𓂃 𓈒 𓏸 ՙִՙ desculpa, você estava
falando comigo? não? então
pode começar a falar :. 𖥻 ٫ •᎑• ໋

જ ⌗ . CAPÍTULO TRÊS, 03.
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03. VISÕES PARALELAS DA VIDA.


APÓS ROLAR NA CAMA POR QUASE DUAS HORAS, Byeol Jisarang resolveu que faria qualquer outra coisa, menos perder tempo fazendo algo que ela não conseguia: dormir. Era por volta das três horas da manhã quando ela resolveu dar uma volta pelo acampamento e ver se o sono chegava. Depois de passar um bom tempo na frente do computador resolvendo algumas coisas e analisando suas pesquisas, seu tdah ─ transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, e sua ansiedade resolveram se juntar e fazê-la, por mais uma noite, não conseguir pregar os olhos... mesmo com sono.

Diferentemente da característica de falta de atenção que muitos com tdah tem, Sarang desenvolveu o hiperfoco ─ com a capacidade de se concentrar em algo e permanecer horas hiperconcentrada em determinada atividade. Em geral, induzido a prática do interesse do indivíduo. Por isso, ela preferia o termo "instabilidade de atenção" do que "déficit de atenção", já que aglomerarava pessoas tanto com déficit, quanto com hiperfoco.

E, apesar da sua grande capacidade de concentração, esse seu traço do tdah a deixava muitas vezes sem prestar atenção no tempo. Se desligava, não percebendo conscientemente o externo... e isso às vezes era um problema ─ porque seu transtorno de ansiedade também sempre estava ali. Então... também é por isso que Love normalmente não conseguia parar de pensar. Ela estava sempre ativa, com poucos momentos em que estava completamente relaxada.

E ter insônia e enxaqueca crônica, precisando tomar remédio controlado para que as crises não aparecessem, foram um dos sintomas.

Seus amigos estavam certos quando falavam para ela descansar, porque por mais que ela desse conta e gostasse de estar fazendo as coisas, não era saudável.

Ao sair pela porta da frente do chalé, vestindo seu pijama dos ursinhos carinhosos e um moletom quentinho, ela viu Ha Jisoo e Anakin Kwon sentados no banquinho de madeira de mil novecentos e milhões de anos que havia na frente de uma das vistas mais lindas do vale. Ambos também estavam de pijama e um casaco ─ pois de noite sempre fazer frio e ventava muito.

─ Uau Kiki, o Haji te arrastou pelos cabelos pra te tirar do quarto, foi? ─ Love perguntou, arrastando os pés cansados no chão. Todos eles estavam um tanto cansados do dia na cachoeira. ─ Primeiro a cachoeira, agora resolveu ficar aqui fora? Eu tô chocada!

Claramente Anakin preferia passar seus dias no seu quarto, quieto e assistindo as coisas que ele gostava, do que interagir muito com pessoas. Parte disso poderia ser da introversão, mas a maioria era consequência do bullying que sofreu quando era mais novo ─ por causa de sua dificuldade de se comunicar com os outros coleguinhas e pelo distúrbio visual que tinha, o Daltonismo Tritanopia. Óbvio, isso influenciava nas suas inseguranças e na ideia que ele tinha de que as pessoas não gostavam dele.

─ Foram vocês que me obrigaram a fazer isso. ─ Anakin respondeu, resmungando. Ele nunca sairia do seu quarto por boa vontade, principalmente fazendo frio e naquela hora da noite. ─ Acho que vou ficar até doente! ─ Exagerou.

Seus amigos riram.

Sarang tirou as mãos do bolso do moletom e sentou-se no espaço que havia entre eles. Inclinou seu corpo para o lado, deitando a cabeça no colo de Jisoo e jogando as pernas por cima do colo de Anakin. Haji apertou o nariz dela de brincadeira, tirando um sorriso da garota. Enquanto Kini, abraçou as pernas de Sarang para que ela não caísse.

─ Não conseguiu dormir de novo? ─ Jisoo perguntou, afastando alguns fios de cabelo ruivo do rosto dela. Love não respondeu, mas ele sabia que sim. ─ Você precisa descansar um pouco... sempre trabalha muito.

─ Você também precisa... passa horas na frente do computador arrumando suas filmagens. ─ Retrucou, apenas para não concordar com Jisoo, mesmo que ele estivesse completamente certo.

─ Vocês dois precisam descansar! ─ O Kwon primeiro puxou a orelha de Sarang, e depois a de Jisoo. Perto dos seus amigos, ele era muito mais extrovertido e falante. ─ É por isso que não namoram! Só pensam em trabalho, trabalho, trabalho e mais trabalho.

Anakin não estava totalmente errado. Sarang e Jisoo pareciam ser viciados em estudo, trabalho, ou qualquer coisa que seja que fizesse os dois serem futuramente bem sucedidos na carreira em que escolheram. Não por causa de suas famílias ou do dinheiro delas, mas pela sua própria independência. Eles aproveitavam ao máximo todas as oportunidades e privilégios que eles tinham. O Kwon também aproveitava a sua, óbvio, mas dos três, mesmo com todo o esforço nas aulas de dança, e principalmente de ballet que eram extremamente puxadas, ele não exalava a aura de um viciado em trabalho.

Agora a parte do namoro... os três não namoravam muito por "culpa" deles ─ quer dizer, pelas suas inseguranças, incertezas, lerdezas, conflitos e etc.

Sarang basicamente vivia uma vida de casada com Watanabe, mas conseguia ser lerda na única coisa que não tinha como ser... era evidente que o Tadashi tinha sentimentos por ela durante anos. Jisoo por sua vez, por mais que negasse, ainda pensava no ex namorado... apesar de surpreendentemente ter ficado com o melhor amigo dele depois que terminaram e ter participado de tentativas falhas de superar Jiseung. E Anakin, bom, ele fugia de relacionamento como o diabo foge da cruz! Não porque ele não queria se relacionar, na verdade, seu intuito de ir para o acampamento foi exatamente arrumar um namorado, mas... ele era inseguro e afastava todo mundo que acabava gostando dele romanticamente.

─ Você também não namora, qual é a desculpa? ─ Sarang retrucou, agora o Kwon.

─ A gente tá falando de vocês dois! ─ Anakin soltou um sorriso sarcástico, achando absurdo jogar esse assunto para ele. ─ Sério, é tão absurdo como vocês perdem a chance que tem!

Se eles não estivessem todos falando em libras, possivelmente seriam três pessoas falando alto. Nesse caso, expressavam suas indignações com as mãos.

─ Não sei em que mundo você vive, mas eu não tenho ninguém! ─ Ha Jisoo resmungou, cruzando os braços como uma criança mimada. Não era seu comportamento comum, mas quando os três se juntavam, normalmente saía muito drama. ─ Você tá falando com tanta certeza, que até parece gostar de alguém.

De fato, Anakin não sabia sobre Byeol Jiseung ser seu ex namorado, mas Ha Jisoo sabia que Anakin Kwon era afim do seu ex desde muito novo.

─ Eu não disse isso. ─ Anakin engoliu seco, movendo suas pernas ao se sentir encurralado.

─ Pelo amor de Deus, não me diz que você ainda é afim do meu irmão? ─ Eles já tiveram essa conversa tantas vezes, que tinha uma sessão especial só para desilusões amorosas. ─ Sério Kiki, tem que superar! Tipo, tem um policial inteligente, bonito, gostoso, simpático, gentil e divertido que se interessou por você, e você quer meu irmão? ─ Ela fez uma careta, achando absurdo. ─ Sem ofensas, irmãozinho.

─ Vou dizer ao Watanabe que você tá falando assim do amigo dele. ─ Sem saber quando Anakin virou o X9 do Tadashi, ela e Jisoo olharam para o Kwon.

─ Não muda de assunto! ─ Sarang gritou.

Jisoo não tocou no assunto, pois era meio complicado. Bom, Anakin era seu amigo, mas Seun era seu ex, então a situação era estranha de falar. Além disso também tinha o fato dele ter tido algo com Hyungwoo, o que parecia ainda mais embolado. De qualquer forma, o que ele falasse ia parecer influenciável para Anakin, devido aos seus próprios sentimentos.

─ Mas o Jisoo e o Hyungwoo não...

─ Não! ─ Jisoo o interrompeu, sem saber o que ele iria continuar falando, mas queria deixar as coisas claras. ─ Quer dizer, sim, nós tivemos algo, mas não namoramos nem nada! A gente é só amigo!

─ Além disso, o Woonie não daria encima de alguém gostando de outra pessoa. ─ Falando assim, até parecia a pequena Sarang defendendo seu amiguinho Hyungwoo quando eram crianças. ─ Talvez ele pense que pode parecer estranho pra você, já que você e o Haji são amigos, mas sinceramente, acho que não tem mais porque ficar! Acredito mesmo que o Woo quer te conhecer.

Ser muito cauteloso e detalhista era uma das características de Song Hyungwoo e por isso ele não entrava totalmente de cabeça em algo sem pensar em tudo. Primeiro, não queria deixar ninguém desconfortável, segundo, queria passar confiança.

─ Me conhecer? ─ O Kwon falou em voz alta, sem saber o que dizer.

Pela primeira vez na vida alguém estava se esforçando muito para lhe conhecer e se fazer interessante para ele ─ e isso ainda parecia ser inacreditável para Anakin. Ele pensou se esse era um daqueles passos do romance que viu em algum dorama. Ainda sim, ele não estava muito convencido de que Song Hyungwoo, o cara apelidado de "príncipe encantado" no ensino médio, se interessou por ele.

─ Você é muito devagar, parece a Sasa. ─ Jisoo bufou, como se ele fosse menos lerdo do que os demais. ─ Aquela cena de manhã dela e do Wata, eu quase achei que finalmente vocês iam ficar juntos! ─ Só faltou brigar com os dois quando nada aconteceu. ─ Tão demorando muito... eu quero ter um sobrinho pra ensinar coisa errada!

─ Se bem que eu acho que eles vão ter pelo menos uns três filhos... ─ Anakin analisou, pondo a mão livre no queixo.

─ Tipo uns cinco? ─ Jisoo perguntou, fazendo um cinco em libras.

A língua de sinais é completa, com estrutura e gramática própria, tendo sua função comunicativa de forma eficiente. Portanto, os números também eram comunicados de maneira diferente do convencional.

─ Um todo ano. ─ O Kwon disse.

─ Me arrependo até hoje do dia em que conheci vocês. ─ Ela nunca se arrependeria, mas adorava dizer que sim quando um dos dois fazia de tudo para lhe irritar.

─ Não vi o que aconteceu, o que foi?

Sarang jogou as pernas para o chão e se apoiou no banco para ficar sentada. Ela escorou as costas no banco de madeira, suspirou, olhou para as próprias mãos e criou coragem para falar.

─ Eu ia tropeçando e ele me segurou... pela cintura. ─ Só de falar parecia confuso. Encostar nele ou senti-lo encostar nela, sem sentir nada, estava ficando cada vez mais difícil. ─ Foi muito estranho.

─ Porque você sente algo por ele e fica fingindo que não? ─ Sem dúvidas, Jisoo tinha o passaporte de livre entrada para atazanar a vida de Sarang com "verdades difíceis dela engolir", por serem melhores amigos... vice-versa.

A Byeol olhou para ele mortalmente e deu um soquinho no braço dele ─ e um soquinho de alguém que fazia karatê, não era apenas um soquinho. Jisoo gemeu baixinho, acariciando o local.

─ Eu disse que ele era o cara perfeito que toda sogra gostaria de ter... Daí ele perguntou "é isso que você quer?"... ─ Sarang engrossou a voz, tentando imitar o tom de voz grave do Tadashi. ─ Fiquei nervosa, quase caí que nem uma tonta, ele me segurou, eu tentei mudar de assunto, mas ele olhou pra mim e disse que também achava que gostariam de me ter como nora... e que a mãe dele concordaria.

Jisoo e Anakin olharam um para o outro e sorriram, aparentemente bobos com o relato da situação ─ eles até levantaram as mãozinhas e dançaram no lugar! Enquanto isso, Sarang olhava para frente, pensando no que isso significava... por mais óbvio que pudesse parecer.

─ Vocês são tão fofos... ─ Jisoo disse, cruzando as pernas. Ele estava nostálgico... lembrando da última vez que teve sentimentos tão fortes, que lhe deixaram sem controle da situação. ─ Não deveriam perder tanto tempo evitando essa conversa... também é muito óbvio que ele gosta de você.

Sarang e Anakin também cruzaram suas pernas, todos para o mesmo lado, o esquerdo. A cena até parecia uma paisagem, de tão quietos e imóveis que eles ficaram ─ por mais que seus cotações estivessem palpitando aceleradamente. Os três suspiraram pesadamente, olhando para o céu estrelado e refletindo sobre suas confusões amorosas.

NA MANHÃ DO DIA SEGUINTE, Song Hyungwoo estava preparando seu café da manhã após uma corrida matinal. Era um costume, ele diria. Sendo alguém extremamente regrado e organizado, em dias comuns ele tinha um cronograma. Todas as manhãs antes do trabalho ele fazia seu cardio, voltava para tomar café da manhã ─ normalmente eram frutas e sempre levava uma garrafa de café para tomar no caminho do trabalho. Quando chegava na delegacia, ele preenchia a papelada logo de manhã, pois sabia que era o único horário vago para isso, fazia seu treinamento do último ano de estágio para finalmente se formar como policial e seguia seu dia. Normalmente saía pra almoçar com seus colegas e de noite ia pra casa.

Raramente você verá Hyungwoo sair pra beber muito dia de semana... ele costuma ter muita ressaca, então prefere evitar por causa do trabalho.

E bom, no apartamento ele não tinha muito trabalho... tudo era impecável. Mas o que uns chamavam de "o cara mais organizado do mundo", ele apelidava carinhosamente de TOC ─ Transtorno obsessivo-compulsivo. Hyungwoo tinha os tipos de TOC de: 1) Verificação, relacionados à ideia de machucar alguém ou a si mesmo sem querer por causa de negligência. Por esse motivo, ele verificava tudo, pelo menos, uma três vezes. 2) Simetria e Ordem, tendo uma obsessão por organização. 3) Limpeza, com o impulso de limpar detalhadamente e repetidamente algo que já está limpo.

Apenas seus amigos mais próximos sabem. Pode não parecer, porque o jovem policial normalmente está sempre sorrindo e de bom humor, mas Hyungwoo sente vergonha de si mesmo. Antes dele começar os tratamentos paliativos, por meio de terapia ou medicamento na adolescência, provavelmente, todo mundo perceberia.

─ Hyung, vai tomar café agora? ─ Joshua adentrou a cozinha, analisando a bancada cheia de frutas cortadas. ─ Eu adoro melancia, posso pegar? ─ O Park apontou para sua fruta favorita, com um sorrisinho de criança no rosto.

Hyungwoo achou graça e acenou que sim com a cabeça. O rapaz pegou um copo de vidro, jogou alguns pedaços de melancia cortada, alguns grãos que estavam em um pote do lado e deu para Josh. Que, tirando todo ar saudável do lanche, pegou uma caixinha de leite condensado na geladeira e algumas jujubas, e jogou encima.

Ele estava de férias e chutando o pau da barraca ─ em dias comuns, se comesse isso, seria crucificado.

─ Você tá mais relaxado, Minho... isso é legal. ─ Woo comentou, parando de cortar as frutas. Sempre que tinha tempo e conseguia fazer uma coisa de cada vez, principalmente com outras pessoas, ele preferia parar para prestar atenção. Nesse caso, a conversa dos dois. ─ Parece que você odeia menos a existência de nós, mortais e seres humanos.

─ É, vocês parecem menos chatos. ─ Disse entrando na brincadeira. Joshua também ficava menos mal humorado quando comia, principalmente doce.

Hyung riu, o achando fofo. Chegou até a se lembrar por alguns míseros segundos do ensino médio... Quando teve uma pequena paixão pelo Park, assim que o jovem se mudou para estudar na Haewadal. Mas foi passageira, durando apenas alguns meses, quando ele percebeu que eles combinavam muito mais como amigos.

─ Ei, deixa eu te mostrar algo. ─ Joshua tirou Hyungwoo de suas lembranças e colocou a tela de seu iphone na frente dos olhos do amigo. ─ Olha que foto ridícula!

A foto era nada mais nada menos do dia anterior... quer adivinhar de quem? Acertou quem disse Park Jieun. Joshua não conseguiu ignorar a expressão irritada e desgostosa da futura atriz. Era fofo, mas engraçado ao mesmo tempo... e Josh parecia se divertir só de olhar para ela.

─ Será que acontece o que se eu postar no site de ex alunos do Haewadal? ─ Sua mente perversa estava trabalhando logo cedo para irritar alguém nesse dia. ─ Não dá pra desperdiçar!

─ Você... tá tão feliz assim com essa foto? ─ O Song perguntou, arqueando a sobrancelha. Não queria dizer nada, mas era muito diferente ver Joshua agir assim com outra garota. Usualmente, ele só tinha esse tipo de reação com Sarang. ─ Nossa, você deve tá se divertindo mesmo em!

Claro que Hyungwoo deixou uma pulga atrás da orelha de Joshua, porque o piloto se virou, olhou bem para seu amigo ─ que sorria, e fez o "pelo amor de Deus" mais falso de sua vida.

─ Para de pensar besteira! ─ Joshua, trocando de turno com o mau humor, resmungou.

─ Mas eu nem falei nada... ─ Até parecia que Hyungwoo estava repetindo as mesma palavras de Joshua para Jieun no dia anterior.

Byeol Jiseung, sendo obrigado a acordar cedo mais um dia e morrendo de sono consequentemente, entrou na cozinha. As bochechas do mais velho ainda estavam inchadas, assim como seus olhos quase se fechando novamente. Seun andava como um zumbi, com as mãos nos bolsos do moletom azul marinho, de cabeça baixa enquanto tentava não esbarrar em alguns objetos e sandálias pretas de algodão. Ele parou, levantou a cabeça e olhou para Hyungwoo.

O Song largou a faca na tábua de madeira, olhando de volta para o Byeol ─ e os dois ex melhores amigos se encararam, após alguns dias tentando se evitar.

─ Olha, o Seung-ah também chegou. ─ Joshua... sim, o Joshua, tentando manter a paz no ambiente, quebrou o silêncio. Assim como 99% deles, não sabia o que acarretou a briga dos dois. ─ Isso aqui tá ótimo, você quer, hyung? ─ Perguntou, agora, referindo-se a o Byeol.

Mas ele continuou calado, apenas encarando.

─ Tudo bem, Jiseung? ─ Ouvir Hyungwoo chamar seu melhor amigo pelo nome todo era ainda mais estranho do que não falar.

─ Você deve estar, não é? Já que tem essa cara de pau de falar comigo, mesmo eu já tendo dito pra você me deixar em paz. ─ Sem querer verbalizar em voz alta com todas as palavras o assunto "proibido", ele disse. ─ Sinceramente, eu não quero estragar nada pra minha irmã, então fica na sua, e eu fico na minha.

Como eles conseguem brigar tão cedo?

Seun fez menção a sair do cômodo e deixar essa discussão para lá ─ ele preferia fugir de uma briga, do que ficar nela. No entanto, aquela discussão não envolvia apenas um lado e Hyungwoo estava se sentindo muito mal sabendo que magoou seu melhor amigo. Claro, o Woo não teve intenção, e nem mesmo foram envolvidos nenhum tipo de falta de carácter pelos envolvidos, mas essa situação envolvia opiniões e sentimentos que não podiam ser regrados.

─ Tudo bem, mas... eu realmente sinto muito por ter omitido isso de você. ─ Hyungwoo, baixou a cabeça, sentindo-se chateado. Ele evitou aquilo por muito tempo. ─ Não posso te dizer que o que eu fiz foi errado, mas também não acho que foi certo... seguindo os meus princípios. ─ Disse calmo e contido, mas com a voz um pouco embargada. ─ Você é meu melhor amigo... desde o jardim de infância, lembra?

─ E anos depois você resolveu ficar com meu ex namorado, mesmo sabendo que eu ainda gostava dele. ─ O Byeol soltou uma risada sarcástica. Seung tinha a convicção de que havia sido traído por seu melhor amigo. ─ Uau, que amigo incrível!

─ Você fez isso? ─ Joshua se pronunciou depois de muito tempo, sussurrando baixinho. Hyung olhou para ele, mas não disse nada. ─ Eu não tô julgando não, só tô perguntando!

─ É, ele fez... ele ficou com o Jisoo, mesmo sabendo que eu sentia falta dele. ─ Agora era Seun que estava com a voz embargada e com os olhos lacrimejando. Ele não chorou, mas deu para ver que estava chateado. ─ Eu falei com o Hyungwoo por meses, dizendo o quão mal eu me sentia por não ter feito nada pra recuperar o meu relacionamento... Mas pelo visto, ele já tinha um plano.

─ O que? ─ Como se estivesse assistindo uma novela ao vivo, Joshua pôs a mão na frente da boca. ─ Você e o Ha Jisoo namoraram? E o Hyungwoo ficou com ele depois que vocês terminaram?

Aquela conversa nunca sairia dali se dependesse de Joshua, porque se Seung escondeu tudo até agora, havia algum motivo. Porém, com certeza ele iria perguntar mais a Seun ou a Sarang.

─ Você acha mesmo que eu ia planejar isso pra te magoar? ─ Hyungwoo até se sentiu mal ao notar. ─ Sério que você pensa isso de mim?

Não, Jiseung tinha plena consciência de que o Woo nunca seria capaz de fazer nada por mal, mas sua raiva era maior que a lucidez.

Chateado com toda a situação, Hyung começou a guardar as frutas cortadas em uma vasilha para levar ao seu quarto. Quando acabou, ele lavou a faca, enxugou e a guardou dentro da gaveta. Por último, o Song pegou a bucha de prato que estava em cima e começou a esfregar a tábua de madeira. Ele esfregou, esfregou, e esfregou mais um pouco... mas não parecia o suficiente. Um pingo de suor até caiu de sua testa, revelando que ele estava fazendo muito esforço.

Joshua se aproximou ao perceber o que estava acontecendo.

─ Sowoo, já tá limpo... ─ O Park tentou parar Hyungwoo, mas não resolveu. Ele não conseguia tirar a bucha da mão do Song. ─ Escuta, você já limpou, isso que você tá tentando tirar é da...

─ Para, agora. ─ Jiseung aproximou-se da bancada da cozinha e deu duas batidinhas no móvel para chamar atenção de Hyungwoo. ─ O que de tão ruim vai acontecer se você não limpar direito só dessa vez?

O Byeol tirou a mão direita do bolso do moletom e bagunçou toda a bancada. Ele virou os talheres na mesa, os pratos na pia, desorganizou o local de cada coisa na visão frontal de Hyungwoo e até abriu alguns potes de comida. O Song arregalou os olhos, tendo sua vontade de arrumar tudo novamente, instigada. Porém, Seun fez o que ele costumava fazer com o Woo quando isso acontecia e pois a mão dele por cima do garoto ─ o que o fez parar quase instantemente. Não consciente do comportamento, mas porque Jiseung o fez parar.

─ Se você arrumar tudo de novo, vai mudar em alguma coisa? ─ O mais velho questionou, apontando para a bancada. ─ Quando você sair eu posso muito bem arrumar tudo do jeito que eu quero... vai fazer o que?

Seung sempre preferiu seguir o raciocínio de "terapia empática de choque" ─ ao mesmo tempo que ele ajudava, ele também evitava não fazer parte dos rituais compulsivos, além de confrontar seu melhor amigo sempre que alguma crise começava em algum momento. Pode não parecer, mas ele sempre foi paciente, até oferecendo trocar como "se você deixar do meu jeito e ficar legal, você me deve um almoço, mas se você fizer do seu e ficar melhor, eu te devo um almoço".

Desde que Hyungwoo disse a Seun, aos 14 anos, que ele tinha esse transtorno, o Byeol começou a ler formas de lidar com essa situação. Uma vez, escondido de Hyung, ele até foi no médico do garoto, só pra perguntar o que ele deveria fazer nesses casos.

O policial, completamente envergonhado, largou tudo, pegou sua vasilha com as frutas e andou rapidamente para fora da cozinha. Sequer, olhou para trás.

─ Vai até lá e vê se ele tá bem. ─ Seun deu a volta na bancada e ficou de frente para pia. Agora, para arruma a bagunça que ele fez. ─ Manda ele tomar o remédio dele... é um ISRS. ─ Josh olhou para ele, sem entender. ─ Inibidor Seletivo de Recaptação de Serotonina... é só você ler no rótulo! Provavelmente ele ainda não tomou, porque só faz isso depois que toma café da manhã. ─ Seun falava tudo como um enfermeiro, sabendo exatamente o que fazer. ─ Se não conseguir fazer ele tomar, diz a minha irmã, ao Jisoo ou ao Watanabe.

Joshua concordou, anotando mentalmente o que escutou e o pouco de experiência que tinha nessa situação. Hyungwoo não tinha tantas crises, de fato, seu transtorno era normalmente bem controlado, mas... em momentos de tensão ou ansiedade, poderia ser comum de se manifestar. E Seung sabia... por isso também se sentiu culpado dessa vez.

AS MENINAS ESTAVAM JOGANDO alguns jogos de tabuleiro. Todas resolveram ignorar seus celular por algumas horas e curtir aquele momento juntas. O mais engraçado de tudo é que, a que menos estava entendendo como tudo funcionava, era a que mais ganhava no final: Aurora Lee. Ela era ótima nos jogos, apesar do azar quando eles envolviam dinheiro ─ como monopole. Olivia Fane e Lee Hyejin acordaram com uma sorte mediana, mas não ficaram para trás! Já Park Jieun e Kang Jangyuri não pareciam ter a mesma sorte naquele dia... pois estavam perdendo todas.

─ Qual é, vocês tão me roubando! ─ Eunnie gritou, quase choramingando. Ela odiava perder e hoje o dia não estava colaborando. ─ Quem é em? Quem tá mexendo no jogo pra ficar assim?

─ Eu não sabia que você era tão chorona, Jieun! ─ Aurora zombou da Park. Elas não eram amigas, no máximo, colegas do Haewadal, entretanto era legal estar mais próximo das meninas que não se falavam tanto.

Lee Hyejin também era uma delas. Normalmente, a estudante de veterinária e Jieun eram mais próximas, enquanto Seulgi e Olivia tinham essa conexão. Liv já foi muito amiga da Lee e da Park, mas por causa da distância e bom, talvez só dá falta de "química" mesmo após o ensino médio, elas se afastaram mais! Não, Olivia e as meninas não deixaram de se falar, elas só não falavam com tanta frequência quanto imaginavam que falariam.

E Aurora e Olivia, bom, foi o destino. Ambas eram amigas da Love, Olivia de infância, Seulgi, do final do ensino médio. Todas se mudaram para a mesma cidade, estudando em universidades coladas um na outra e morando no mesmo condomínio. A Lee era muito mais como Sarang ─ essa duas juntas eram quase um furacão, mas a Fane acabou se acostumando e se sentindo confortável com Aurora. Então, elas viraram grandes amigas.

E Jangyuri... ela não teve muito contato com nenhuma das quatro, que não fosse para trabalhos escolares. A Kang era de um grupo totalmente diferente... um grupo basicamente desfeito após uma briga catastrófica entre elas. Porém, quando as quatro meninas viram que Yuri estava quase enlouquecendo ao ter que lidar com Mun Jisoo e Kwon Haeun brigando o tempo todo, quiseram chama-la para a roda.

─ É que ela não sabe perder. ─ Hyejin falou pela primeira vez em muito tempo. Ela era tímida, principalmente em uma roda com pessoas desconhecidas, mas estava gostando do clima entre elas. Love disse para ela fazer novas amizades, então lá estava ela!

─ Ei, eu não perdi, me roubaram! ─ Jieun retrucou, apontando para o tabuleiro na mesa.

Uma bola de vôlei voou repentinamente na direção das meninas e se chocou contra o tabuleiro, jogando todas as pecinhas para o lado e derrubando alguns copos de suco que estavam postos na mesa. Quando a maioria das meninas olhou para trás, furiosas, Kang Namdong juntou as mãos na frente do peitoral e as esfregou, gritando uma "desculpa".

─ Aquele idiota! ─ Jangyuri vociferou, batendo na mesa e se levantando do banquinho. ─ Eu te disse pra não arrumar problema, não foi?

Disse várias e várias vezes antes deles terminarem, mas Namdong ignorou todas e preferiu seguir sua vida nem aí para as regras impostas após o fim de seu relacionamento. Sério... ele tinha que seguir isso? Os dois já não tinha mesmo uma boa convivência... não faria muita diferença!

─ E quem é você, minha dona? ─ Namdong gritou de volta, dando língua para ela que nem uma criança.

Antes de virar para trás, o Kang acenou para Hyejin e deu uma piscadinha. As bochechas da jovem ficaram vermelhas e ela não soube como reagir, então, devolveu o aceno timidamente ─ se percebendo minutos depois, ela se acharia a pessoa mais tonta do mundo.

─ Homens... trogloditas, mas... bonitos. ─ Seulgi respondeu, apoiando a cabeça na palma das mãos. Seu olhar pairou sob Felix Hyojong e outro suspiro caiu de seus lábios rosados com gloss de morango.

─ Acho que eles não nasceram muito pra pensar! ─ Achando que estava vendo alguma cena de briga em um filme de sobrevivência, Olivia estava perplexa ao ver eles brigando e discutindo de verdade por causa de uma bola ou por causa de um ponto não feito.

Não era apenas competitividade... eles agiam feito criança. Por ter crescido com eles, a Fane sempre se preparava para escutar sessões de xingamento, barulho, gritaria e falta de comunicação vindo deles. Frequentemente entravam em guerra por exatamente nada e brigavam por exatamente tudo.

─ Mas eu disse que isso de não ir nos mesmos lugares não dá certo... ─ Jieun murmurou baixo, mas não o suficiente para que Jangyuri não escutasse. ─ Acho que ela não esqueceu ele... ─ Continuou, fingindo que estava falando com ela mesma.

Sinceramente, as duas nunca se bicaram muito no colégio. Elas eram de grupos diferentes, tinham assuntos diferentes e ideias diferentes sobre a outra. Talvez, só talvez, para devolver qualquer intriga que elas tenham tido no colégio, a Park resolveu provocar ─ e quem bem sabe, Jieun não tem medo de dizer o que pensa.

─ Vocês souberam que amanhã vai ter uma fogueira de noite? ─ Pretendendo evitar uma discussão, Aurora mudou de assunto rapidamente. ─ Acho que vou cantar... uma música do SNSD!

─ Surpreendendo todo mundo. ─ Liv respondeu ironicamente. Como se Seulgi não colocasse as mesmas músicas do grupo, no volume mais alto que conseguia, fazendo todo o bloco onde elas moravam, e até os vizinhos, escutarem também. ─ E eu vou ficar só observando, pois não tenho o que apresentar.

─ Eu lembro disso na viagem que fizemos no ensino médio... foi divertido. ─ Desde apresentações boas, até as que eram vergonha alheia... ou aquelas no qual as pessoas achavam que estavam indo bem, Jieun de divertiu bastante. ─ Mas ver o Watanabe cantando foi uma novidade!

Ninguém esperava que o cara introvertido que odiava se mostrar, mesmo que mais da metade do colégio quisesse que ele fizesse isso ─ e o transformasse em uma "celebridade", realmente teria coragem para se apresentar na frente de todo mundo. Certamente foi a partir daquele dia que a fofoca de que "Watanabe Choi Tadashi quase foi um idol, mas negou todas as propostas para não seguir a mesma carreira do pai que o abandonou", se tornaram reais.

─ A gente poderia pensar em algo pra fazer juntas, que tal? ─ Mudando de ideia completamente, Aurora achou que seria legal fazer alguma apresentação com as meninas. ─ Depois eu falo com a Sarang!

─ Acho que vou passar. ─ Hyejin comentou. Ela queria muito fazer algo com as meninas, mas ficaria muito envergonhada na frente de todo mundo e acha que estragaria tudo.

─ Eu também... ─ Lizzie concordou. Olivia não estava afim de sentir aquela mesma sensação ruim de que todos iriam rir dela como no colégio. Não que ela julgasse mal os outros ao ponto de achar que eles eram tão ruins assim, mas é que ela estava insegura. Não desconforto, e sim, medo.

─ Eu topo. ─ Jieun respondeu, dando um sorriso simpático. Mantendo uma linha tênue entre a extroversão e a seriedade de sua natureza. ─ Posso cuidar das roupas!

Ela só estava esperando o momento certo por em prática sua experiência natural com moda. Até que esse poderia não ser o evento mais chique que ela imaginou para utilizar seus dons, mas Jieun há estava acostumada em ser a amiga do "pensei em looks ótimos pra gente usar!" em várias ocasiões.

BYEOL JISEONG, FELIX HYOJONG E MOON YOUNGSOO estavam pondo o papo em dia após se juntarem em uma rodinha de conversa. Normalmente nesse caso, Jiseo diria que ele estava mais para uma "vela" entre os amigos, já que todo muito acreditava que Felix e Moon só não haviam começado a namorar no colégio pelos dois nunca terem tomado uma atitude. Mas os dois amigos íntimos nunca perceberam tal suposição! Eles não tinham essa mentalidade e passaram quase o tempo no Haewadal todo negando os rumores de namoro.

Isso não quer dizer que não tenha rolado faíscas ou sentimentos entre eles, mas também não quer dizer que tenha rolado. Às vezes, amigos são apenas amigos. Às vezes, amigos podem ter sentimentos por outros amigos ─ o que não te torna menos amigo de alguém. Às vezes, esses sentimentos também somem, em outras, continuam acumulados. A questão é: Felix e Youngsoo, assim como Jiseong e Go Naeun, que eram amigos, mas nunca tiveram essa conversa.

Entretanto, analisando a situação como um todo, seus casos eram diferentes.

─ De nós três, o Felix é o único que não sofreu na mão de um chefe. ─ Seong comentou, comparando seus trabalhos. Ele teve seu estágio, Youngsoo estava tendo o dela. ─ Nunca escutou um "o que é isso aqui?" e tremeu achando que fez alguma merda e vai ser demitido.

─ Isso aconteceu comigo no meu primeiro dia de estágio... ─ Moon se lembrava perfeitamente do dia em que achou ter acabado com sua futura carreira. ─ Eu atendi um cara adulto, na faixa dos trinta e poucos anos com problemas de relacionamento... ─ Seong e Felix arrumaram-se na cadeira, prontos para ouvir a fofoca. ─ Mas ele me contou tantos absurdos que eu sem querer murmurei um "é só você deixar de ser idiota".

Youngsoo nunca falaria isso para magoar ninguém, principalmente se fosse para seus pacientes. Ela é uma garota muito empática, que costuma tomar cuidado com suas palavras antes de falar qualquer coisa. Longe dela jogar na cara de alguém tão diretamente o quão errada a pessoa foi ─ ainda mais chamá-la de idiota, mas ninguém é de ferro! Todo mundo pode cometer um deslize... psicólogos não são perfeitos e não são obrigados a achar todas as situações aceitáveis.

Felizmente, ela conseguiu se adequar ao profissionalismo comum e nunca mais soltou nenhuma gafe na frente dos pacientes.

─ Vocês estão falando isso só porque não tem um treinador gritando com vocês de cinco em cinco minutos. ─ No começo de tudo, quando ele ainda estava tentando ser "alguém" no mundo do surf, quase desistiu de tudo por causa da pressão. ─ Às vezes eu até escuto a voz dele no silêncio da noite!

Pode parecer brincadeira, e bom, hoje em dia até é, mas Felix já sofreu preconceito entre os surfistas por causa de sua origem. Filho de uma coreana-brasileira, ele recebeu o nome de batismo de "Felipe", muitos demoraram para aceita-lo como um surfista. Sinceramente, o Hyojong nunca entendeu muito bem o motivo. Não sabia se era por ser coreano, por ter ascendência brasileira ou por pura inveja. Quando ele não era da elite seus colegas de profissão eram babacas, seu ex treinador era babaca, os jornalistas eram babacas... todo mundo parecia estar contra ele sem nenhum motivo aparente.

Por isso ele era conhecido como "estressadinho"... batia de frente com todo mundo.

Só passaram a respeita-lo quando ele entrou para a elite do surfe. Felix conseguiu ter sua liberdade financeira ─ por mais que seus pais o ajudassem muito antes, conheceu novas pessoas e mudou de treinador. Hoje, quem manda em sua vida é ele mesmo. E se você não gostou, como diria ele, "o problema é todo seu".

─ Você dá trabalho, deve ser por isso! ─ Youngsoo deu três tapinhas nas costas dele. Desde que se conheceram no segundo ano do ensino médio e viraram grandes amigos, a Moon escutava Felix sempre que ele se metia em algum problema.

E também as fofocas, claro! Ela sabia de todas por ser amiga do maior fofoqueiro da Haewadal.

─ E sempre gostou de mim mesmo assim. ─ O garoto se gabou. Fora do próprio grupo de amigas dela, Youngsoo não tinha muito contato com o grupinho dele. Sem dúvidas, eles formaram essa amizade com um vínculo próprio.

Tudo começou na aula de história. Felix nunca foi muito um interessado pelo passado, de qualquer lugar que fosse, e as aulas de história para ele sempre eram muito chatas. Após ser designado um trabalho em dupla e um sorteio feito pelo professor, entre as salas A e B, os dois acabaram caindo no mesmo time. E tá, eles fizeram o trabalho e Youngsoo, que tinha notas boas, o ajudou a passar de ano. Enquanto ele, com seu senso artístico, ajudou a Moon ser mais criativa em artes e ter bom condicionamento em educação física.

O tempo foi passando, eles acabaram se aproximando e viraram mais do que colegas de trabalho.

─ Acho que é pena. ─ Soo zombou. Youngsoo gostava muito de Felix. Ele a deixava confortável, além de ter lhe ajudado a lidar com a pressão dos seus pais sob ela. Apesar do garoto ser estressado, com os miolos queimados e sem preocupações, e os não não baterem muito em traços de suas personalidades, a Moon o considerava uma das pessoas mais importantes da vida dela.

─ Pena? ─ Jiseong debochou. ─ Qual é, você só falta cuidar dele que nem um bebê! ─ O Byeol achava que Youngsoo era muito "babona" do Hyojong. Não de um jeito chato, porque Felix era uma pessoa que merecia carinho... é que Jiseo o achava um marmanjo. ─ Só falta carregar os pesos da academia pra ele.

Felix soltou uma risada, mas não discordou em nenhum momento. Eventualmente ele também era um amigo muito presente na vida de Youngsoo, mesmo que agora eles estivessem longe um do outro. Era uma carinho e uma dedicação mútua nessa relação.

─ Nossa, nada haver! ─ Ela negou, mesmo sabendo que se Hyojong pedisse para ela fazer aqueles salgados que ela sabia fazer e que ele adorava, a Moon faria sem pensar duas vezes.

─ Tudo bem, não é vergonha me tratar assim. ─ Felix falou, olhando para Youngsoo e a vendo formar uma carranca. ─ Escutem... tenho uma fofoca!

─ Qual? ─ Seong e Youngsoo perguntaram no mesmo segundo.

─ Me disseram que a Naeun tava namorando um norte-americano! Viram ele saindo várias vezes... mas acho que eles devem ter acabado né. ─ Esquecendo-se de que seu amigo tinha uma "situação" com a aparentemente ex melhor amiga, Felix falou. ─ Inclusive... Sabe no dia da sua exposição? Foi nesse dia que viraram ela com o tal cara! Ela foi pra sua exposição e depois saiu com ele, Seong?

O silêncio pairou pelo cômodo. Youngsoo intercalou seu olhar entre Felix e Jiseong, sentindo uma tensão no ar após aquele comentário ─ ela não fazia ideia de qualquer sentimento de Seong, mas analisando, interpretou o caso. Antes que Hyojong abrisse a boca mais uma vez, ela o cutucou e pediu silêncio. Fefe, enfim entendendo o que havia falado, tentando reverter o assunto.

─ Mas deve ser mentira! ─ Felix balançou o ombro do amigo, que não teve reação. ─ A Go Naeun não sairia de lá assim do nada da sua exposição! E ela também te diria se estivesse com alguém.

Quanto mais ele abria a boca, mas a situação ficava ruim.

Até que a pior coisa que poderia acontecer, aconteceu: Clarity Naeun Go apareceu, escutando a fofoca mal elaborada de quem havia inventado. Felix arregalou os olhos, levantando-se lentamente da poltrona onde estava sentado. Inegavelmente ele tinha medo de levar um soco na cara, um puxão de cabelo, ou um empurrão e ficar à beira da morte por causa de Naeun.

─ Então, eu ouvi dizer que tão me chamando ali... ─ Felix engoliu seco, segurando a mão de Youngsoo. ─ E a Moon Vai ali comigo rapidinho... Tchau!

O surfista olhou para Seong e fez um "ok" para o fotógrafo, dando um apoio ─ logo após ferrar com tudo com sua boca de sacola. Antes que Naeun desse mais um passo e voasse na cara dele, Felix puxou a Moon para longe e quase saiu correndo.

Pela segunda vez, o clima na sala ficou extremamente pesado. Jiseong olhou para o lado oposto, observando um canteiro de rosas do lado de fora do chalé. Ele colocou as mãos nos bolsos do casaco moletom, sentindo um arrepio nos braços ─ que ele não sabia se era por causa do clima friozinho do ar condicionado geral ou da presença de Naeun no ambiente.

Clarity olhou para os próprios pés, encarando suas botas pretas por alguns segundos. A calça cor musco, junto com uma camiseta estilosamente rasgada eram confortáveis o suficiente para ela. Suas mãos começaram a suar no segundo em que ela imaginou que Jiseo estivesse um pouco desconfortável. Era... diferente. Normalmente, mesmo com raiva, ele não agia monossílabico ─ nesse caso, nem estava falando.

Naeun é o tipo de pessoa que ignora ou evita totalmente o conflito, tendendo a dizer e fazer o que é necessário para sair de tais situações, mesmo que estás precisem ser resolvidas. Ou seja, ela costuma fugir dos problemas, fingindo que eles não existem. Porém, neste caso, esse conflito envolvia alguém que ela gostava muito e, sendo fortemente emocional do jeito que ela era, sentia-se vulnerável... encurralada.

Mantendo o silêncio, por mais constrangedor que fosse, ela quis se sentar na poltrona ao lado. Nem que ficasse calada, apenas observando.

Para má sorte, a ponta da bota de Go-na entrou em atrito com o chão, causando um tropeço. Entretanto, agindo tão rápido quanto o acontecimento, Byeol Jiseong esticou seu braço e impediu que Naeun batesse de cara no sofá. Seus olhos se encontraram por um momento, até que percebessem o toque inesperado.

─ Desculpa. ─ Seong pediu, retirando sua mão assim que a cantora já estava segura.

Naeun olhou para ele, com vergonha... sabendo porque ele havia pedido desculpa.

Após um psicólogo descobrir aos seus nove anos de idade, o leve grau de autismo em Go Naeun, um certo campo específico de sua vids mudou: o do toque. É claro que, como qualquer pessoa com transtorno do espectro autista, ela tenha alguns traços comuns, mas a defesa tátil em si foi o que mais coube. Ou seja, ela costuma ser hipersensível em áreas do corpo em que haja uma alta concentração de mais receptores táteis, como as mãos, pés e o rosto.

Mesmo sendo alguém que facilmente arrumaria um amigo, o fato dela não gostar muito de toques e se sentir desconfortável com abraços ou beijos na maioria das vezes, afastou pessoas. Muitas, achando que ela era fria. No entanto, os Byeol, e especificamente Seong que era seu outro melhor amigo, nunca se afastou.

Seria mentira dizer que para ele foi fácil não poder dar tantos abraços ou ser tão carinhoso quanto ele gostaria com Naeun, mas não era um incomodo. De forma alguma! Jiseo só queria estar mais perto dela, mas foi paciente e um grande amigo. Quando Naeun simplesmente parou de fazer suas terapias ocupacionais para o transtorno, foi Seong que acabou sendo a pessoa que a ajudava com seus estímulos táteis. Sim, obviamente o Byeol não era um profissional e só estava fazendo o que aprendeu por base, mas foi o jeito que ele achou de ajudar.

Ela não queria saber de mais nada. Não apenas adotando sua fase rebelde, mas se jogando de cabeça em coisas que ela não deveria se jogar para o seu próprio bem. Então, Seong era a parte mais lúcida do cérebro dela.

─ Não pede desculpas... não disso. ─ A Go indagou. Seria muito constrangedor e humilhantes se a única pessoa que ela se sentia mais confortável para ultrapassar sua barreira, a deixasse.

Naeun estendeu os dedos da mãos na direção de Seong e tocou a pela macia da mão esquerda dele. Conseguia sentir que a única diferença mais gritante entre as mãos bem cuidadas, era os dois dedos que ele mais usava para tirar fotos, estarem um pouco calejados. Jiseo olhou para a mão dele, sentindo um pequeno choque com o contato. Surpreendido, é claro! Ele sabia da dificuldade que era para Naeun tocar ou receber toques ─ só nunca havia percebido que conseguia ultrapassar os tais limites.

Em outro momento, esse seria o momento perfeito.

─ Não quero brigar.

─ Antes depois de você me chamar de dramático, fingir que nada demais aconteceu, ou me empurra de uma pedra? ─ Seong afastou sua mão, a colocando de volta nos bolsos. Ele queria mantê-la lá, mas seu orgulho e chateação eram maiores. ─ Não é porquê eu não estou brigando com você, que nós estamos nos falando.

─ Não sei o que eu fiz de tão errado pra você tá assim! ─ Naeun realmente não percebia o que havia feito. Ela era muito mais orgulhosa e raramente notava seus erros. ─ Nós somos amigos, você deveria...

─ Sim, você está certa... como sempre. ─ Jiseo revirou os olhos, se levantando do sofá. A última coisa que ele queria era entrar em uma discussão com Naeun. ─ E não, aparentemente não somos amigos... ─ Fazendo uma pausada dramática, ele olhou para ela. ─ Eu nunca faria o que você fez com um amigo meu.

Como se tivesse levado um baque, Naeun levantou-se repentinamente do sofá. Ela se controlou para falar outras besteira, talvez tomando em algum momento a consciência de que poderia ter errado em algo. Seong não era tóxico ou manipulador. Ele nunca fingiria ter raiva dela só para fazê-la se sentir mal e ele ser a vítima. Isso nem passou pela sua cabeça. O Byeols estava mais para o cara compreensível que tenta te entender, mesmo tendo magoado ele profundamente.

─ Eu esperei você por horas... mesmo depois da exposição ter acabado... ─ Um pouco triste, declarou. Seong ainda deu um pequeno e fraco sorriso. Sem graça, apenas por dar e mostrar que ele não a odiava. ─ Devo ser mesmo idiota. ─ Ele soltou uma risada. ─ Mas talvez eu deva estar misturando as coisas.

E quando ele falava que talvez estivesse "misturando" as coisas, se referia aos seus sentimentos por ela. Na visão dele, Naeun não foi nem mesmo sua amiga quando o fez uma promessa e depois saiu com um outro cara em um dia tão importante para ele. Entretanto, o outro ponto era que ele gostou dela por um tempo, então ele achava que, o fato dela ter saído com um cara nesse mesmo dia, também poderia ser um motivo. Mas... ele não seria tão infantil de ficar com raiva do segundo motivo. Chateação interna? Sim, mas nunca um julgamento.

─ Isso quer dizer que você desistiu de brigar comigo? ─ Esperançosa, Naeun achou que aquela discussão finalmente acabaria e eles voltariam a se falar.

─ Não, quer dizer que eu desisti de tentar te fazer entender. ─ Seong respondeu ao olhar para ela. Naquele momento ele não queria saber se estava sendo um péssimo amigo... apenas aceitava o fato de que cansou de sempre ter que explicar para ela as intenções dele ou de outras pessoas.

ERA TARDE DA NOITE QUANDO OS MENINOS resolveram entrar em uma competição no vídeo game que Han Hyunjae havia levado. Após entrarem em uma discussão para ver em que quarto iriam ficar, Hope e Nam decidiram que arrastariam Watanabe Tadashi com eles e se apossaram do quarto do jogador de vôlei. Hyunjae, apesar de ter uma pequena treta ─ que ele não sabia como havia começado, com o Choi, aceitou a condição. Óbvio, seria divertido irritar o Tadashi e ouvi-lo dizer novamente um "boa noite é o caralho" para ele.

O quarto de Watanabe estava organizando. As luzes do ambiente estavam reguladas para ficar no nível médio e confortável para os olhos dele ─ que tinha sensibilidade à luz por causa da visão. O chão estava limpo, a penteadeira do quarto não tão lotada de coisas e a cama arrumada. Até às roupas tinham cheiro de amaciante, misturado com o perfume de fragrância leve, mais marcante que ele usava... já que por causa da rinite e da sensibilidade olfativa, Wata também não gostava de perfumes nem tão fortes, e nem tão doces.

Quando Watanabe abriu a porta do quatro perto de meia noite e meia, ele quis morrer. Após ser "expulso" por Sarang e Jisoo do quarto de ambos por estarem ocupados, e ajudar Hyungwoo com seus dotes culinários, a fazer o bolo de pistache que aprendeu com sua querida mãe, Tadashi Ruymi, ele resolveu ler um livro antes de dormir. Porém, para seu desespero, seus amigos... e Han Hyunjae, adentraram o quarto dele com um "eai", uma caixinha de cerveja, salgadinhos e um vídeo game.

─ Eu não lembro de ter marcado a reunião com o clube dos idiotas essa hora. ─ Sendo esses idiotas, bom, a maioria, seus amigos. ─ Saiam do meu quarto! Principalmente você, jogador de lol.

Os três ignoraram ele. Enquanto Hyunjae montava o vídeo game da televisão do quarto de Watanabe, Taeyang arrumava alguns travesseiros ao lado da cama para eles se encostarem. Namdong colocou os salgadinhos no chão e abriu quatro cervejas, dando a primeira para o Choi. O Kang sorriu, sabendo que Watanabe não reclamaria pelos próximos cinco segundos que estivesse dando um gole na garrafa de cerveja.

─ Pra alguém que não liga muito pra nada, você é muito organizado. ─ Namdong rolou os olhos pelo quarto, analisando quão limpo e bem cuidado ele parecia. ─ O meu já tá uma bagunça!

─ Sua vida é uma bagunça. ─ Watanabe falou... não que a dele fosse melhor. Mas a mãe do Tadashi sempre falava que, se seu quarto está bagunçado, sua vida também deve estar. E vice-versa. ─ Mas a cerveja tá boa... já podem sair do meu quarto.

─ Você nem ia fazer nada. ─ Hope disse, ignorando a lembrança de que Watanabe tinha mandado uma mensagem no grupo dizendo "não venham, eu vou ler e depois dormir".

─ Você só tá chateado por não poder passar o resto da noite obcecado na Love, já que ela te expulsou de lá. ─ Hyunjae, se intrometendo em um assunto que ele deveria evitar falar com Watanabe, disse em voz alta. ─ Deixa de ser chato!

─ Você quer que eu corte os fios desse seu video game ou a sua língua? ─ Watanabe o ameaçou. De todas as pessoas naquele acampamento que poderia estar no seu quarto, Han Hyunjae ser uma delas parecia castigo.

─ Tadinho, ele não deve ter comido bem hoje! Por isso tá de mau humor. ─ Iseul fingiu comoção e pôs a mão no próprio peitoral. Zombando do amigo. ─ Toma, come isso aqui... e fica calado.

Taeyang enfiou a mão dentro do pote de salgadinhos, pegou alguns e enfiou na boca de Watanabe antes de ele rebate-se seu argumento. O Tadashi resmungou algo entre os farelos do lanche, mas ninguém entendeu nada.

─ Agradecemos pela hospitalidade, meu Draco Malfoy coreano! ─ O Kang fez uma reverência e também, uma referência, brincando.

Namdong, Taeyang e Hyunjae sentaram-se no tapete, aos redor dos controles do vídeo game. Watanabe até que tentou se deitar na sua cama, por os fones de ouvido e ignora-los, mas o médico veterinário não deixou que isso acontecesse e o puxou para o lado dele. O Choi resmungou, sabendo que ele não teria paz até que os três fossem embora.

─ Seguinte, que tal um desafio? ─ Os três amigos viraram a cabeça na direção de Namdong quando ele falou. ─ O Hyun e o Wata jogaram um contra o outro! Assim vocês podem descontar qualquer coisa no jogo e depois pararem de brigar.

─ Como se jogar um joguinho com esse cabeça de vento vai mudar muita coisa! ─ O Choi não tinha raiva de Hyunjae, era apenas um ciúmes bobo. ─ Que isso em, você tá no quinto ano?

─ Mortal Kombat parece ser uma boa ideia. ─ Hope completou , achando essa uma ideia maravilhosa. ─ Você topa, Hyun?

De qualquer forma, teriam que se dividir em duplas para competir entre eles. Namdong e Taeyang queriam que os dois se entendessem.

─ Porquê estão me ignorando? ─ Watanabe contestou, tentando chamar atenção deles. Hope e Nam apenas olhavam um para o outro, fingindo que não estavam escutando. ─ Eu já disse que não vou!

─ Eu topo! ─ Hyunjae concordou.

O controle do vídeo game pousou no colo do Tadashi. Hyunjae apontou para o objeto, para o Choi e depois para a televisão. Na cabeça dele seria fácil vencer Watanabe... imaginando que o rapaz não fosse tão fã de jogos eletrônicos. Mas o problema em si não era esse! Wata jogava desde criança, não era um viciado, mas jogava. A questão é que Watanabe é implicante e teimoso, com um temperamento extremamente sanguíneo, então facilmente perde a linha.

─ Isso me fez lembrar do colégio... do time de basquete contra o de vôlei. ─ Hope quase disse "bons tempos", mas lembrou-se que levou uma bela bronca quando chegou em casa. ─ Quase todos mundo ficou na detenção depois da briga.

Após provocações do time de basquete, Watanabe, com suas opiniões nada ofensivas, falou o que queria na cara de um dos jogadores de basquete ─ o que casou uma discussão acalorada. Hope, que fazia parte do time de basquete, tentou separar a briga junto com Hyungwoo, que fazia parte do time de vôlei. Mas a briga realmente só parou quando o treinador de educação física se meteu no meio e o diretor chegou dez minutos depois.

Todos os dois times foram para a diretoria, pois todos haviam se metido de alguma forma. Chegaram a pegar detenção por um mês, ficando depois das aulas e tendo que limpar tudo sozinhos ─ além de claro, um pedido de desculpa escrito em vinte páginas cada de cada um dos alunos envolvidos.

─ Meus pais me deixaram de castigo em casa também. ─ Namdong bufou. Ele nem tinha feito nada de verdade, estava apenas tentando apaziguar tudo! Mas mesmo assim acabou sendo um alvo.

Kim Dami e Kang Yoonho, pais de Namdong, eram médicos renomados, criados em uma família regrada e bem organizada. Então Nam foi criado na base de ter responsabilidades e ser um bom exemplo. Quer ele queira ou não, a reputação dos pais estavam em jogo se ele fizesse algo. Por mais que seus pais nunca chegassem a se irritar tão fortemente, como qualquer outro pai, não queriam o filho metido em confusão.

─ Mas também, quem foi o descompensado que empurrou o Joonho só porque ficou "putinho"... ─ Hyunjae comentou enquanto jogava. Ele estava focado na tela, mas escutando toda a conversa. ─ Parece um ogro que só resolve as coisas na violência.

Watanabe devolveu a resposta com um compilado de socos e chutes. Em partes o Han tinha razão ao chamá-lo de descompensado... O Tadashi era muito cabeça quente e nem sempre pensava antes agir, mas ele não era tão agressivo ─ nunca bateu em ninguém de verdade, apesar das promessas falsas de "matar" alguém.

─ Agora é proibido falar verdades difíceis de engolir. ─ O Choi revirou os olhos, focado em destruir Hyunjae no jogo. Ele pouco se preocupava se outros o achava insuportável ou não. ─ Quem tem boca pra falar, tem a consequência de ter que ouvir.

─ Sim, você mesmo não aguenta ouvir verdades. ─ Hyun concordou, discordando. ─ Dúvido que você tenha aceitado o fato da Love e do Josh terem ficado juntos.

Os dedos de Watanabe pararam imediatamente de mexer nas telas do controle e ele ficou sem reação. Os olhos se fixaram em um ponto qualquer da parede, sem perspectiva alguma... ele quase não piscava. Namdong e Taeyang murmuram um palavrão ao mesmo tempo, sabendo que a coisa iria ficar feita ─ quer dizer, ainda mais feita entre os irmãos. Hyunjae só notou que o que ele havia falado tinha sido uma surpresa, quando olhou para a expressão perturbada de Watanabe. Com uma veia na testa quase faltando para fora.

─ Espera... você não sabia que o Josh e a Sarang já ficaram? ─ Hyunjae questionou, realmente surpreso com isso. Joshua nunca havia lhe dito que o Tadashi não sabia, por isso falou. Não foi na intenção de provoca-lo, mas Hyun sabia que os irmãos não se entendiam por um certo motivo. ─ Droga.

E foi entre um "K.O." do Mortal Kombat, que Watanabe Tadashi percebeu que havia perdido a primeira rodada ─ não só no vídeo game, mas na vida. Entrando no fundamento de que aquela era uma "guerra" mais do que declarada.






BOA NOITE, YOURHOMERS! Gostaram do capítulo? Demorou, mas finalmente tive tempo pra escrever! Agradeço à todos que super entenderem que eu tava bem atarefada e tudo mais, obrigada pela compreensão ♥️ Mas eu realmente tava morrendo de saudades de escrever. Apesar de que ser adulto tá consumindo todo meu tempo pra meus hobbies, eu não quero parar ─ pois eu sei que se eu fizer isso, vou me sentir muito mal. Eu amo escrever e estou mais feliz que, mesmo tendo muitas coisas pra fazer fora, eu tô tendo conseguindo escrever!

E tem outra coisa que eu percebi lendo as fichas e escrevendo, desde o prólogo, é que em YH, mesmo tendo essa questão de que basicamente todos eles tem boas condições financeiras, os personagens não são perfeitos. São pessoas com problemas, defeitos, transtornos, deficiências, limitações, inseguranças e entre outras coisas. Não é gostando por gostar, é gostando por ter pessoas com problemas reais e bem comuns, que não são tão abordados. Mesmo a apply sendo algo leve, trazer essas questões também é importante! Então, se eu ainda não trouxe todas as nuances de algo que seu personagem tem, ainda vou descrever. Não quero fazer isso de qualquer forma, e quero abordar isso não só entre amizades, mas entre o próprio casal também.

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